O Brasil está enfrentando uma crise relacionada à demanda familiar por creches e a quantidade de vagas disponibilizadas por estes estabelecimentos. É isto o que mostra o Índice de Necessidade de Creche Estados e Capitais (INC) que disponibiliza informações atualizadas sobre o planejamento e o acesso a políticas públicas para a primeira infância.
Divulgado no final de setembro, o levantamento revela que essa discrepância entre as vagas ofertadas e a necessidade da população por creches é maior no Piauí. É que o Estado é o que mais precisa de creches, segundo a pesquisa.
No Piauí, o índice de necessidade de creches chega a 53,1%. Este número representa o total de crianças de zero a três anos que estão em alguma situação considerada como prioritária para a garantia de vagas em creches. São crianças que vivem em famílias em situação de pobreza, monoparentais, em que o cuidador principal trabalha ou poderia trabalhar caso houvesse uma vaga em creche, ou crianças com algum tipo de deficiência.
No estado, 27% das crianças de zero a três anos estão em situação de pobreza e precisam de uma vaga em creches; outras 6,1% são crianças de famílias monoparentais. Há ainda 18,6% que são crianças com mães ou cuidadores economicamente ativos ou que se tornaria ativos se tivesse acesso à creche; e 1,3% são crianças com algum tipo de dificuldade em exercer ao menos um dos domínios funcionais, ou seja, com alguma deficiência.
Quando se observa a realidade das capitais, Teresina tem um índice de necessidade de creches de 46,7%. Significa dizer que quase metade das crianças de zero a três anos que vivem na capital piauiense se encaixam no grupo prioritário para garantir vagas nestes estabelecimentos. Compõem este índice as crianças em situação de pobreza que precisam de uma vaga em creches (9,6%), crianças com de famílias monoparentais (9%), crianças com mães ou cuidadores economicamente ativos ou que se tornaria ativos se tivesse acesso à creche (26,2%) e crianças que apresentam alguma deficiência (1,6%).
A pesquisa do Índice de Necessidade de Creches traça um panorama das condições sociais e econômicas das famílias e das crianças. Karina Fasson, gerente de Polícia Públicas da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, responsável pelo estudo, explica que a ideia é estimar a população que poderia se beneficiar do acesso à creche, chamando a atenção das diferentes necessidades em cada estado brasileiro.
O Piauí, por exemplo, é o estado que mais precisa de creches no Brasil levando em consideração a demanda. Na outra ponta do ranking aparece Rondônia, com a menor porcentagem de crianças precisando de vagas nestes estabelecimentos (32,6%). Já entre as capitais, Teresina ocupa a 14ª posição entre as que mais precisam de creches. Salvador tem a maior porcentagem (61,7%) e Porto Velho a menor (32.2%).