O Viajante. Gustavo Corção e a civilização. *Eric Vinícius.

“Se há uma característica sucinta que possa definir a civilização é esta: reverência do homem pelo que recebe do passado; se há um traço característico da barbárie, seja no saque de Roma seja na chamada ‘revolução cultural’ de Mao Tse-Tung, é a sem-cerimônia com que se despreza ou se destroem os vestígios do passado. Ora, o mundo de nossos dias se diverte e se compraz em desfazer a desmedida ambição dos artistas e em apagar no homem comum qualquer sombra de respeito do passado.

A obra de arte, em tal atmosfera, deixa de ser o testemunho perpétuo de um talento e passa a ser um acontecimento, muito mais aleatório do que intencionado. As improvisações feitas em matéria de acaso, pedaços de barbante, papel, cacos de vidro, passam a substituir a pedra, o bronze, o ouro, e passam a dispensar as reverências das memórias agradecidas. “

 

— Gustavo Corção, Patriotismo e Nacionalismo. Página 167. VIDE. 2023.

Se há uma coisa que sempre digo a amigos, alunos, parentes e todas as pessoas possíveis, é que o Brasil de hoje precisa ler Gustavo Corção, cuja obra foi recentemente reeditada pela Vide Editorial. Trata-se de um trabalho civilizacional. Cada página lida é um deleite. Em tempos em que nosso patrimônio, memória e até mesmo túmulos são vilipendiados, façamos o que se pode para honrar nossa história. Fujamos da barbárie.

*Eric Vinícius, parnaibano, professor da rede privada, articulista, contista e meu amigo de longa data.

 

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Pádua Marques

Jornalista, cronista, contista, romancista e ecologista.

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