Na capital do Piauí igreja católica aponta crescimento da população de rua.

 

Nos últimos três anos, a população em situação de rua em Teresina cresceu 100%, segundo levantamento da Pastoral do Povo de Rua, que há 14 anos faz acolhimentos. Na manhã desta terça-feira (20) a Secretaria Estadual da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos deu posse ao comitê que terá a missão de adotar políticas públicas para as pessoas em situação de vulnerabilidade.

O Consultório de Rua, que tem uma equipe multidisciplinar, atendeu cerca de 1.500 pessoas em Teresina. Entre os fatores que tem causado o aumento está o desemprego.

O padre João Paulo Carvalho, coordenador da Pastoral do Povo de Rua, disse que 75% das pessoas que buscam o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) foram incluídas no Bolsa Família.

“Após a pandemia muita gente ficou desempregada, sem poder pagar aluguel eles foram para a rua. Muitos deles não são dependentes de álcool ou droga e moram na rua por causa do desemprego. Nos últimos três anos, cresceu em 100% a população de rua em Teresina”, disse o padre João Paulo.

O Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Estadual para a População em Situação de Rua é fruto de uma lei aprovada na Assembleia Legislativa, de autoria do deputado Francisco Limma (PT) e sancionada pelo ex-governador Wellington Dias (PT).

O padre João Paulo Carvalho destacou que a criação do comitê foi “uma luta árdua”. “Foi uma tentativa insistente de estarmos a todo instante cobrando e até que enfim chegou o dia de hoje, a posse, do tão esperado comitê para a lei sair da gaveta e vamos trabalhar para levar educação, saúde, profissionalização para as pessoas de rua que vivem na invisibilidade”, disse padre João Paulo.

Segundo ele, após a pandemia cresceu a população em situação de rua, principalmente devido o desemprego. Ele defendeu incentivo a qualificação profissional para ingresso no mercado de trabalho. O padre defendeu também cotas para esse público.

O arcebispo Dom Juarez garantiu que a igreja é uma parceira do comitê e é preciso combater a sociedade de pessoais descartáveis.

“São pessoas excluídas. Os pobres são pessoas vítimas de uma exploração, e muitas vezes, das injustiças. O Papa Francisco usa uma expressão que é: nós vivemos um templo, uma sociedade do descarte. Pessoas não podem ser descartadas, pessoas precisam ser cuidadas e incluídas no ceio da sociedade”, disse arcebispo.

A assistente social Melissa de Carvalho Soares disse que aumentou consideravelmente a população de rua após a pandemia, recebendo também pessoas de outras estados.

“São muitos os motivos que levam as pessoas a situação de rua entre eles o desemprego, conflitos familiares, separação, morte dos pais, transtorno mental, além dos usuários de droga. São pessoas que normalmente não procuram a Ubs e somos uma equipe volante que vamos onde eles estão”.

A solenidade de posse dos integrantes do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Estadual para a População em Situação de Rua contou com a presença do arcebispo de Teresina, Dom Juarez Marques, da secretária Regina Sousa (Sasc), Núbia Lopes (Relações Sociais), Sônia Terra (Superintendente de Direitos Humanos), Assunção Aguiar (Superintendente de Igualdade Racial e Povos Originários) e várias entidades parceiras do movimento.

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Pádua Marques

Jornalista, cronista, contista, romancista e ecologista.

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