Em depoimento a PF, empresário diz que promotor garantiu “paz” com processos; vídeo mostra encontro.

Policiais federais cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do promotor em Teresina e apreendeu R$ 900 mil em dinheiro, além de equipamentos eletrônicos.

A imprensa teve acesso ao depoimento do empresário a Polícia Federal. Junno Pinheiro relatou que estava em um restaurante em Cajueiro da Praia, no litoral do estado, quando foi abordado pessoalmente pelo promotor no dia 26 de julho deste ano, às 21h.

Segundo o depoimento do empresário, o promotor se referia a dois processos: um que Junno tinha conseguido habeas corpus e outro relativo a um acidente de trânsito. Na conversa, relatou o empresário que o promotor teria pedido R$ 3 milhões para sustar o processo.

No diálogo, o empresário disse que o promotor chegou a dizer que estava no litoral na casa de um “ministro” e que tinha como ajudá-lo nos tribunais do Piauí e de Brasília. No entanto, o empresário disse que buscou saber se havia algum evento envolvendo autoridades judiciais no litoral e constatou que não tinha, o que levou a crê que era uma extorsão isolada do promotor.

No depoimento, o empresário chega a dizer que ficou constrangido, pois estava no restaurante com esposa e funcionários, mas que eles não chegaram a presenciar a extorsão e as ameaças. Ele disse que ficou amedrontado e que pensou em ceder a extorsão.

Junno Pinheiro tem vários processos na justiça do Piauí. Um deles é sobre a morte de seu primo o arquiteto João Vitor Oliveira Campos Sales, de 23 anos, que morreu em 1 de julho de 2019 na avenida Raul Lopes. O juiz já marcou audiência para o dia 14 de novembro.

A imprensa tentou contato com advogados do promotor, assim como a Associação dos Promotores do Ministério Público, mas não obteve resposta. O espaço fica aberto para esclarecimentos.

Vídeo mostra encontro do empresário e promotor

O grupo Cidade Verde teve acesso ao vídeo que mostra o encontro do empresário Junno Pinheiro com o promotor Maurício Verdejo, foi alvo da operação Iscariotes deflagrada pela Polícia Federal e o Ministério Público do Piauí, que investiga o crime de concussão contra o promotor. Ele teria exigido R$ 3 milhões ao empresário para arquivar um processo criminal.

Empresário se manifesta

Em nota, uma das empresas de Junno Pinheiro, se manifestou sobre a operação e informou que o empresário estava sendo alvo de atos criminosos de concussão, extorsão e abuso de poder. Destacou ainda que ele está colaborando com a investigação.

“O Diretor Geral do grupo foi abordado por uma autoridade pública que ameaçou implicá-lo criminalmente em falsas denúncias e investigações fabricadas relacionadas a licitações, caso não pagasse valores indevidos. Apesar do grupo ter absoluta convicção de não ter praticado qualquer ato ilícito, essas acusações e ameaças, sem qualquer fundamento ou base probatória, estão sendo questionadas legalmente perante o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, onde, certamente, tudo virá à luz e as motivações não republicanas serão reveladas, como no caso da operação de ontem”, afirmou.

Confira a nota na íntegra:

O Grupo Imagem, atendendo aos inúmeros pedidos de manifestação e esclarecimentos solicitados pela imprensa após a Operação “Iscariotes”, deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Procuradoria Geral do Ministério Público Estadual, vem a público informar que estava sendo vítima de atos criminosos de concussão, extorsão e abuso de poder.

O Diretor Geral do grupo foi abordado por uma autoridade pública que ameaçou implicá-lo criminalmente em falsas denúncias e investigações fabricadas relacionadas a licitações, caso não pagasse valores indevidos. Apesar do grupo ter absoluta convicção de não ter praticado qualquer ato ilícito, essas acusações e ameaças, sem qualquer fundamento ou base probatória, estão sendo questionadas legalmente perante o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, onde, certamente, tudo virá à luz e as motivações não republicanas serão reveladas, como no caso da operação de ontem.

Reiteramos que o acontecido foi um ato isolado, praticado por um membro do Ministério Público que agiu em desrespeito ao espírito republicano do órgão. Este membro exigiu dinheiro para não atacar a idoneidade do Grupo Imagem e de seus sócios, utilizando-se de investigações fabricadas e operações midiáticas destinadas a ferir a honra dos proprietários do Grupo. Diante dessa agressiva extorsão, o Diretor Geral do Grupo Imagem não teve outra alternativa senão denunciar o caso às autoridades competentes, incluindo a Polícia Federal e o Ministério Público. Como resultado, foi deflagrada a operação conjunta “Operação Iscariotes”. Em razão do segredo de justiça, no momento, não podemos fornecer maiores detalhes.

Continuamos comprometidos em oferecer serviços de qualidade e manter a confiança de nossos clientes. Agradecemos o apoio e a compreensão de todos durante este período difícil, especialmente o apoio institucional dos policiais federais, membros do Ministério Público e do Poder Judiciário do Estado do Piauí.

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Pádua Marques

Jornalista, cronista, contista, romancista e ecologista.

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