Voltando no tempo da nossa infância na Bahia. Dia de Cosme e Damião era dia de festa.
Caruru nas casas oferecido às crianças. Uma toalha estendida no chão, uma bacia cheia de comidas. Caruaru, vatapá e outras delícias. Sete meninos em volta da bacia comendo com as mãos. Não se usava talheres.
Depois eram sete meninas. Não se misturava meninos e meninas. Eram separados.
Enquanto as crianças comiam e se deliciavam as pessoas da casa, devotas de Cosme e Damião rezavam.
Ao acabar as crianças limpavam as mãos no avental da dona da casa. Não lavavam as mãos. Fazia parte do ritual limpar as mãos assim. E as crianças saiam felizes e saciadas. Alguns que ainda lhe cabiam mais iam para outra casa que oferecesse também o caruru de Cosme e Damião.
Era assim na nossa infância na Bahia. Agora inventaram essa tal de distribuição de doces. Acabaram com a tradição de nossa infância na Bahia.
*Valdir Barreto Ramos, escritor, poeta, militar da reserva da Marinha do Brasil, amigo de Pádua Marques, desde 1974 na Turma Lima, na Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará.